La farfalla

Liz Confrizzi

Thursday, October 06, 2005

Tirintina Colida - 1972-1996

(novamente aviso: a breve história de Tirintina Colida, segue, mas se não a conhece ainda, leia os post' anteriores, bye, bye, so long farewell)
Tirintina Colida morreu.
Pensou ter pisado numa poça de lama, e quando se deu conta, era seu sangue o que a circundava. Inundou-se de maneira trágica, rápida e hemorrágica no seu próprio vinho tinto, e tossiu sem ter tempo de ensaiar o último suspiro.
Havia quatro formigas ébrias bebendo pisco sour ali pelas terras sulforosas onde jazia Colida.
Elas conversavam tranqüilamente sobre a situação política latino-americana, a crise e o tempo dos regimes militares. Proseavam inicialmente naquele tom etílico e pouco emocionado, e, em pouquísimos minutos de assunto, choravam com as anteninhas encostadas, seus ombros que não tinham, pelos mortos, torturados, filhos e jovens desaparecidos naqueles dias.
E Tirintina ali, suas carnes vizinhas daqueles dois seres entristecidos e embrigados que eram os únicos a chorar no dia de sua morte.
Era apenas 22 de abril de 1996.

2 Comments:

  • At 4:29 PM, Blogger Robson said…

    Liz! E agora, acabou?

    Sendo que ela tem nome de personagem do Gabriel García Márquez, é possível fazer uma transposição forçada para novelas mexicanas cheias de reviravolta e imaginar que ela morreu apenas metaforicamente ou então que ela ressuscitará?

    Ou estou viajando?

     
  • At 10:59 PM, Blogger EliseHaas said…

    Creio que tudo é possível, não sei como não forçar, mas deixemos Tirintina descansar um pouco, férias da nossa ilustre personagem.

     

Post a Comment

<< Home